terça-feira, 2 de novembro de 2010

Review - Episódio 1x01 "Days Gone Bye"


Na segunda metade da década de sessenta, o cineasta nova-iorquino George A. Romero iniciou sua série de filmes conhecida como Trilogia dos Mortos, e deu aos zumbis sua mais preciosa contribuição ao cinema: a metáfora social. Desde que “A Noite dos Mortos Vivos” (Night of the Living Dead, 1968), primeiro capítulo da trilogia, estreou, os defuntos ambulantes nunca mais foram os mesmos.

Os dentes podres desejosos de carne humana fresca já faz tempo que não são as maiores armas da morte encarnada. É o medo que eles instilam o que causa mais estrago – e o que os sobreviventes fazem com esse sentimento. Oportunismo, covardia e a eterna busca por poder numa sociedade em ruínas estão sempre presentes onde existem essas criaturas decompostas.

E o que o cineasta Frank Darabont (“Á Espera de um Milagre”, “O Nevoeiro”) fez neste primeiro episódio de “The Walking Dead” não foge à regra. Primeira produção de zumbis feita para a TV, tendo como base a HQ homônima escrita por Robert Kirkman, a série segue à risca a proposta de Romero. Mas, se à primeira vista “The Walking Dead” parece mais uma produção que recicla conceitos, basta passar pela seqüência inicial para perceber que ela merece figurar na seleta lista de melhores de um gênero cada vez mais cultuado.

A trama acompanha o policial Rick Grimes (Andrew Lincoln), que acorda de um longo coma apenas para descobrir que a raça humana foi destruída e o mundo está infestado de mortos-vivos. E é nesse mundo pós-apocalíptico que ele inicia uma jornada para encontrar sua esposa e filho – enfrentando algumas hordas de desmortos pelo caminho.

Ilustre desconhecido, Lincoln consegue dizer muito sem falar nada, e deu a Rick uma interpretação única, assim como Lennie James (Morgan), que rouba a cena sempre que aparece. Outros como Sarah Wayne Callies (Lori), Jon Bernthal (Shane), Emma Bell (Amy) e Jeffrey DeMunn (Dale) aparecem pouco, mas mostram uma grande sintonia. O roteiro de Darabont adapta com fidelidade o material escrito por Kirkman, mas amplia cada elemento dos quadrinhos. Morgan, por exemplo, ganha uma história muito mais interessante e dramática (o momento em que ele falha em matar sua esposa zumbi é uma das cenas mais fortes do episódio), assim como o tanque de guerra, vislumbrado rapidamente nas páginas da HQ e que ganha uma participação essencial na série.

A narrativa de cinema, a maquiagem impecável dos zumbis, os efeitos e fotografia caprichados, a discreta trilha sonora de Bear McCreary (“Battlestar Galactica”), e as generosas doses de sangue e tripas também merecem destaque, ajudando a dar o tom da série.

Talvez as únicas ressalvas sejam algumas “coincidências” do roteiro, como a freqüência do rádio ir justo onde a esposa de Rick estava, e a parte de baixo do tanque estar aberta justo quando ele mais precisava. A aparição do grupo de sobreviventes estragou um dos principais mistérios da trama, e o romance entre Lori e Shane também soou forçado, podendo ter sido guardado para episódios futuros.

Enfim, “The Walking Dead” apresentou um dos pilotos mais fortes e dramáticos da temporada, e mostrou um grande potencial. O final deixou ainda uma interessantíssima ponta para o próximo episódio. Sem dúvida um grande começo de série!

Morte de zumbi da semana:

Logo no início do episódio, Rick chega a um estacionamento de carros abandonados, em busca de gasolina. Ele então avista uma menininha, que se abaixa e pega um ursinho de pelúcia no chão. Mas, quando ela se vira, revela ser um zumbi. Ela tenta atacá-lo, apenas para levar um tiro no meio da testa. Tenso...

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