terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Review - Episódio 1x06 "TS-19"


"Você não pode simplesmente entrar na vida de alguém, fazer com que se preocupe e depois sair"

Eis que a primeira temporada de “The Walking Dead” chegou ao fim. Sim, foram apenas seis episódios, mas seis episódios sensacionais e cujo nível não caiu em momento algum. Sim, a série está trilhando um caminho bem diferente do das HQs (usando apenas algumas poucas referências), mas isso é até melhor, pois cria uma identidade própria para a série e algumas surpresas para quem já leu os quadrinhos. E sim, TS-19 foi um excelente episódio, mas definitivamente não funcionou como final de temporada.

Explico: na minha concepção, um season finale deve concluir de alguma forma a história proposta na temporada, apresentar alguns elementos para serem trabalhados na próxima temporada, e deixar algumas pontas soltas para manter o público cativo até a estréia da nova temporada. E TS-19 simplesmente não fez nada disso.

O episódio começou com um flashback, mostrando Shane tentando proteger Rick enquanto este estava em coma. Pudemos ver um pouco do caos que se instalou após o surto zumbi, e entender o porquê de Rick ter sido deixado no hospital e Shane ter realmente acreditado que ele estava morto. A cena funcionou perfeitamente bem e cumpriu sua missão, e a partir dela eu comecei a acreditar que os roteiristas realmente iriam seguir o final da HQ n° 06. Mas eis que eles me surpreendem novamente e não mostram na série o que acontece nos quadrinhos. Sinceramente, teria sido um final muito melhor, arrebatador, e que estouraria as cabeças dos fãs.

Logo depois, voltamos exatamente para o lugar onde o quinto episódio terminou, com a porta do CCD sendo aberta e os sobreviventes estarrecidos. Ao entrar no lugar, eles conhecem o misterioso Dr. Jenner (que já havia aparecido no episódio passado), que lhes oferece bebidas, comida, e um banho quente. A cena da bebedeira foi um momento que nos aproximou um pouco mais dos personagens, e fez com que eles parecessem mais humanos. A partir daí, o episódio começou a explorar cada um dos personagens, como Rick duvidando quanto à sobrevivência do grupo, Andrea finalmente podendo chorar pela morte da irmã, e também um pouco mais sobre a difícil relação entre Shane e Lori – algo que ainda vai render muito na segunda temporada.

Depois, tivemos a explicação do Dr. Jenner sobre o que acontece com o corpo de uma pessoa infectada, aproveitando para pincelar algo mais sobre a origem do surto, sem revelar de onde ele veio ou o que seja. Houve até uma menção à “ira divina”, uma possibilidade que, se bem explorada, ainda pode render muitas discussões interessantes na série. Mais uma vez destaco um dos charmes de “The Walking Dead”: não querer dar explicações científicas sobre a origem dos zumbis, mas sim se focar nos sobreviventes.

Isso fica bem claro quando Jenner revela que em breve o combustível que move o CCD vai acabar e todos lá dentro serão automaticamente incinerados, e é aí que a tensão propriamente dita começa. Eu cheguei a acreditar que Jenner era um louco que queria usar os sobreviventes em suas experiências, e o episódio me surpreendeu novamente ao mostrar que ele era apenas uma pessoa moldada pela solidão e pelos eventos recentes, e que queria fazer algo para evitar que aquelas pessoas tivessem uma morte horrível quando poderiam morrer rapidamente e sem dor. Mais uma vez, ponto para o roteiro e a direção, que conseguiram explorar ao máximo cada um dos personagens, e criaram um clima de tensão ininterrupta que me manteve grudado na tela, sentindo todo o desespero e a claustrofobia daquele lugar.

E, no final, Rick usa a granada que havia encontrado no tanque no primeiro episódio para explodir a parede do CCD e conseguir fugir de lá antes que o lugar explodisse. Infelizmente, Jacqui optou por ficar, e por pouco Andrea também, mas ela mudou de idéia após a belíssima frase dita por Dale, e que ilustra o começo desse review. A explosão do CCD foi muito bem feita, efeitos dignos de uma superprodução do cinema.

Mas sinceramente, o final foi muito insosso e sem graça. E não venham me dizer que aquele cochicho no ouvido do Rick foi um cliffhanger convincente, porque não foi, e a série já teve finais bem mais interessantes. Não sei o que o doutor disse, mas esse não é motivo suficiente para me manter esperando até outubro do ano que vem, quando estrear a segunda temporada. Só vou permanecer porque “The Walking Dead” conseguiu desenvolver seus personagens magistralmente e eu me identifiquei com eles. E também porque quero saber mais sobre a origem da contaminação, e ver onde diabos o Merle está e o que ele irá aprontar – os únicos cliffhangers decentes da série.

Agora, o jeito é esperar até outubro de 2011 pela continuação – e, se você ainda não leu as HQs, minha dica é que comece a ler agora mesmo. Além de ótimas, elas podem ser um bom aperitivo para esperar pela segunda temporada.

Morte de zumbi da semana:

E o prêmio “Morte de zumbi da semana” vai para o zumbi que teve sua cabeça decepada ferozmente por Darryl durante a fuga do CCD. It’s amazing!

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com algumas coisas, mas no final achei um bom fecho de temporada. Acho que a série tem uma quantidade suficiente de incógnitas pra me prender até a segunda temporada: i) como tudo começou? onde? qual foi a resposta do governo? pq não funcionou? quanto tempo durou tudo? sei que eles não vão dar uma resposta redondinha, nem mesmo uma meia-resposta - não é a proposta da série; mas a possibilidade de algum episódio revelar alguma coisa, por menor que seja, pra mim já compensa assistir todos os episódios do começo ao fim; a melhor seqüência dessa season finale pra mim foi a de Shane no hospital, naquele caos todo do apocalipse ainda em curso; outra coisa que o episódio revela é que, um mês antes daquele dia, o Dr. Jenner ainda mantinha algum contato com o mundo exterior (ele diz "I've been in the dark for over a month"); com quem ele se comunicava? Washington? o presidente dos EUA? ou os militares tomaram o poder em algum momento pra tentar controlar a situação? enfim, são questão que não serão respondidas em definitivo, mas qualquer migalha de informação tem um preço altíssimo; ii) ainda existe algum resquício de governo em algum lugar do mundo? até agora só vimos duas cidades dos EUA e uns trechos de rodovia; sobrou algum governo no resto do país? e a Europa? e a Ásia? e o Brasil? será que em algum lugar alguém está tentando/conseguindo reimplantar alguma forma de governo?; iii) tem cura? o Dr. Jenner revelou que os franceses achavam estar próximos de uma solução ("The French were the last to hold out; they thought they were close to a solution"); iv) e, sim, o que o Dr. Jenner sussurou no final? eu discordo de vc aqui, tenho muito mais curiosidade em saber isso do que saber do paradeiro do Merle.

Agora, eu não sabia que a 2a temporada só recomeça em outubro de 2011...! Isso foi um balde de água fria. Mas vou esperar.

Deborah disse...

Caio, desta vez vou ter que discordar contigo. Ficaram sim muitas dúvidas no ar: onde foi parar Merle? Como aconteceu a infecção? Onde foram parar a dupla de pai e filho que ajudaram Rick grimes no ínicio da História? Qdo Rick descobrirá o relacionamento entre Lori e Shane?

Além de tudo isso, estou adorando a série, e vou esperar ansiosa por novos episódios. E acompanhando sempre por aqui tb ;)
abs,
Déborah